O senhor Frankie tem
hábitos gastronômicos bem estranhos. O danado adora comer pinhão cozido. Pela
noite cozinharam pinhão e Laura jogou um no chão. Ele cheirou e depois saiu
brincando, lançando-o de uma pata para outra até resolver descascá-lo e
devorá-lo.
Minha mulher pegou
um pinhão cru e jogou ao chão. O senhor Frankie deu um salto da mesa e começou
sua brincadeira. Minutos depois a decepção: — quando tentou descasca-lo sentiu
que o mesmo não estava cozido. Oh! Mundo cruel! — Nada é perfeito!
Engraçado como ele
gosta de ficar me observando quando finjo não dar bola pra ele. Agora o senhor
Frankie encasquetou em permanecer ao meu lado e perturba a todo o momento. Como
já escrevi ele é surdo, mas tem um olfato que compensa tudo. Mal acabo de abrir
minha latinha de cerveja e ele pula na mesinha e quer de toda maneira provar de
minha bebida. Confesso que baba de gato não combina muito bem com meu suco de
cevada. Dou-lhe pequeno empurrão e se vira, como não ligasse pra minha bronca.
Preciso ficar atento, pois um segundo de descuido e ele lamberá a lata.
Magiquei que hoje
foi meu dia de sorte com o senhor Frankie, pela primeira vez desde que cheguei
fui recebido com festa depois de ter saído pra fazer pequenas compras no
supermercado. Mal abri a porta e lá estava ele miando, faceiro. Pensei com meus
botões: — o bichano está se tornando meu amigo!
Mas que amizade que
nada, ele estava de olho nos pacotes que trazia nas mãos. Acompanhou-me até a
porta da cozinha, onde mais uma vez barrei-lhe a entrada. Ali era território
proibido, campo minado para gatos.
Quando abri a porta
o senhor Frankie foi mais esperto que eu e se meteu cozinha adentro. É preciso
muito malabarismo pra conseguir evitar suas investidas.
Confesso que nunca tive nenhuma atração por
gatos, mas o senhor Frankie está amolecendo meu coração de pedra.
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