Miss Julie acordou
comportada. Deu-me um miau de bom-dia. Olhou curiosa pra meus óculos, ela ainda
não me flagrara usando-os. Veio faceira. Parou diante de minhas mãos como
pedisse pra afagá-la. Bati uma das mãos no sofá e ela não esperou um segundo
convite. Deitou e esperou pra ver o que aconteceria depois. Passei
vagarosamente mão sobre sua cabeça e ela derreteu de contentamento. Tinha a
vida que pedira a Deus. Cocei-lhe o queixo e mais dengosa ficou. Fechou os
olhos como se dormisse. Só por judiação apertei-lhe a barriguinha e ela num
salto se pôs longe de mim. Preferiu o aconchego do Vaio da Stéphanie. Ficou lá
me encarando. Bem possível que estivesse a pensar: — visita malvada! Tô louca
pra ela ir embora e me deixar sossegada em meus cantos. Aliás, cantos pra ela
se esconder é o que não falta no apê. Passeia por tudo quanto é lugar. Tenho
por mim que o lugar que miss Julie mais gosta é a cama da Laura, principalmente
quando o sol atravessa a janela e pode ficar ronronado à vontade. Outro lugar
favorito é ficar entre a grade de proteção da janela, ora observando o mundo
exterior, pensando em dar outra escapulida, ora de olhos atentos, pois sabe que
o senhor Frankie pode surgir de um momento pra outro com o intuito único de
desalojá-la de seu cantinho favorito.
Laura prepara um
triângulo valendo-se de um saquinho de supermercado. Atira-o ao chão e ela se
põe a jogá-lo de um lado pro outro, imitando jogadores de hóquei sobre patins.
É mágico momento de festa.
Notei que, também
miss Julie não gosta muito de um abraço forte. Quando Laura a põe no colo e
aperta sua barriguinha miss Julie dá seu miado de mini onça parda e trata de
fugir. Mas minha filha é sua dona e conhece bem todas suas manhas. Logo, logo
ela está rondando procurando chamar a atenção. Nem se lembra mais do susto que
nos pregou na noite de ontem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário