segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

DÍVIDA


Tenho uma dívida de gratidão com a senhorita Julie. As atitudes de determinadas colegas da Laura na faculdade originaram uma depressão que os remédios não conseguiam atenuar. Essas meninas mimadas a espezinhavam pelo simples fato de ela não vir de família rica. Mais furiosa ainda ficavam quando os trabalhos de Laura sobressaíam, chamando a atenção de diversos professores e colegas.

Surpresei a Laura comprando-lhe uma câmera digital da Canon. Semiprofissional, aquela que meu salário de aposentado permitiu adquirir. Alguns dias depois uma colega que se julgava superior apareceu com uma câmera idêntica. Indagada sobre o que fizera com a outra, ela simplesmente respondeu: vendi, pois estava ultrapassada. Santa ignorância. O equipamento que ela passou adiante era bem mais moderno e valioso do que o recém-adquirido.  Diante de sua ignorância Laura apenas exclamou: inveja não só mata como afeta o bolso!

Quando Julie foi adotada Laura se encontrava deprimida. Nada lhe dava alegria. Enfurnava nos livros, dava pouca atenção à alimentação. Agia sem dar grande valor a vida.

Fiquei temeroso quando recebi o comunicado da adoção de miss Julie. Os pelos de gatos aceleram as crises de asma ou de bronquite asmática. E Laura precisava inalar um remédio que dilatava os brônquios facilitando a respiração.

De longe eu nada podia fazer. Proibir a adoção? Nem pensar! Entreguei nas mãos de Deus. E Ele deu-me a resposta. A presença de miss Julie no apartamento trouxe a alegria para nossa filha.

Stéphanie queria uma gatinha branca. Ela conhecia uma moça que pegava gatos na rua e levava para casa e cuidava deles com o maior dos carinhos. Stéphanie ligou indagando se não tinha uma gatinha branca. Ela disse que não. Mas que tinha um gato branco, fofo, carinhoso, brincalhão, tanto falou que acabou por convencê-la a adotar o bichano que foi “batizado” com o nome de Frank Sinatra. O senhor Frankie é albino e surdo.

Ele veio completar a alegria no apartamento.

Os inúmeros trabalhos da faculdade, a inveja escancarada por parte de algumas alunas da mesma classe já não mais era sentida com a mesma intensidade pela Laura.

Hoje o senhor Frankie e miss Julie fazem parte da família e como tal são tratados. Até eu que nunca tive simpatia pelos felinos tornei-me fã incondicional dos dois bichanos.

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