sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MISS JULIE, A ROQUEIRA


A danada da bichinha não tem mais o que inventar. Descerimoniosamente se apossou do apê. Mia quando o nível da ração na tigela está baixo ou a água está pela metade. Deita sobre a velha televisão e deixa o rabo balançando impedindo a perfeita visão das cenas.

Agora miss Julie extrapolou de vez. Ouço barulho estridente e estranho vindo do quarto da Stéphanie. Corro pra ver o que anda acontecendo, mas que bela surpresa, pena que não tenho uma filmadora para eternizar o momento. Sobre a cama está a guitarra de minha filha e ela arranca os primeiros e sofríveis acordes. Metaleira de uma figa. Após trinta segundos perde o interesse pelo instrumento musical. Deve ter desconfiado que apesar do nome inglês jamais será uma Janis Joplin ou Jimmy Hendrix, bem melhor pra meus ouvidos cansados.

Depois da malfadada experiência vem toda faceira buscar meus aplausos. Carrancudo brigo de mentirinha com ela. Esfrega a pata no focinho concordando comigo. Num salto está ao meu lado no sofá solicitando atenção e carinho. Repito mecanicamente o gesto de acariciá-la. Miss Julie London, a roqueira está feliz da vida, provou que se praticar com afinco ainda será estrela do The Voice ou qualquer outro programa na televisão americana.

Sem poder contestá-la rendo-lhe minhas homenagens como se acabasse de ouvir Paul McCartney tocar Hot as Sun.

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