A danada da bichinha
não tem mais o que inventar. Descerimoniosamente se apossou do apê. Mia quando
o nível da ração na tigela está baixo ou a água está pela metade. Deita sobre a
velha televisão e deixa o rabo balançando impedindo a perfeita visão das cenas.
Agora miss Julie
extrapolou de vez. Ouço barulho estridente e estranho vindo do quarto da
Stéphanie. Corro pra ver o que anda acontecendo, mas que bela surpresa, pena
que não tenho uma filmadora para eternizar o momento. Sobre a cama está a
guitarra de minha filha e ela arranca os primeiros e sofríveis acordes.
Metaleira de uma figa. Após trinta segundos perde o interesse pelo instrumento
musical. Deve ter desconfiado que apesar do nome inglês jamais será uma Janis
Joplin ou Jimmy Hendrix, bem melhor pra meus ouvidos cansados.
Depois da malfadada
experiência vem toda faceira buscar meus aplausos. Carrancudo brigo de
mentirinha com ela. Esfrega a pata no focinho concordando comigo. Num salto
está ao meu lado no sofá solicitando atenção e carinho. Repito mecanicamente o
gesto de acariciá-la. Miss Julie London, a roqueira está feliz da vida, provou que
se praticar com afinco ainda será estrela do The Voice ou qualquer outro
programa na televisão americana.
Sem poder
contestá-la rendo-lhe minhas homenagens como se acabasse de ouvir Paul
McCartney tocar Hot as Sun.
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