Como previ, as
lâmpadas da iluminação pública ainda estavam acesas quando o senhor Frankie
cometeu sua investida. Pensei comigo: — diabos de gato, quando me verei livre
de sua aporrinhação?
Nem passou pela
minha lembrança que estava invadindo seu espaço. Dormia no quarto de minha
filha Stéphanie e seu costume era acordá-la ao clarear pra providenciar seu
rango. Mas às cinco horas e meia ainda não era o momento de sua tigela ser
entupida com sua lauta refeição.
Perdi as
estribeiras. Abri a porta e o expulsei. De nada adiantou minha explosão de
raiva, coisa de cinco minutos e ele começou a arranhar a porta novamente. Tinha
sono e a manhã inteira pra dormir e o danado do gato resolveu aporrinhar minha
paciência. Rebucei a cabeça com o grosso cobertor, mas nem mesmo assim deixei
de ouvir o barulho que o senhor Frankie fazia.
Vontade danada de
esgoelá-lo. Dois empecilhos. Primeiro: atrocidade contra os animais é crime, se
me não engano, inafiançável. Segundo: e a repulsa exasperada de minhas filhas
por ter machucado o senhor Frankie. Fiz ouvidos de mercador. Contei
carneirinhos até pegar no sono novamente.
Acordei duas horas
depois com minha mulher chamando-me pra saborear o café. O senhor Frankie e
miss Julie já estavam de pança cheia. Agora se aproximava a hora de minha
vingança. Eu os torturaria com as brincadeiras que menos gostam...
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