segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O OUTRO DIA


Como previ, as lâmpadas da iluminação pública ainda estavam acesas quando o senhor Frankie cometeu sua investida. Pensei comigo: — diabos de gato, quando me verei livre de sua aporrinhação?

Nem passou pela minha lembrança que estava invadindo seu espaço. Dormia no quarto de minha filha Stéphanie e seu costume era acordá-la ao clarear pra providenciar seu rango. Mas às cinco horas e meia ainda não era o momento de sua tigela ser entupida com sua lauta refeição.

Perdi as estribeiras. Abri a porta e o expulsei. De nada adiantou minha explosão de raiva, coisa de cinco minutos e ele começou a arranhar a porta novamente. Tinha sono e a manhã inteira pra dormir e o danado do gato resolveu aporrinhar minha paciência. Rebucei a cabeça com o grosso cobertor, mas nem mesmo assim deixei de ouvir o barulho que o senhor Frankie fazia.

Vontade danada de esgoelá-lo. Dois empecilhos. Primeiro: atrocidade contra os animais é crime, se me não engano, inafiançável. Segundo: e a repulsa exasperada de minhas filhas por ter machucado o senhor Frankie. Fiz ouvidos de mercador. Contei carneirinhos até pegar no sono novamente.

Acordei duas horas depois com minha mulher chamando-me pra saborear o café. O senhor Frankie e miss Julie já estavam de pança cheia. Agora se aproximava a hora de minha vingança. Eu os torturaria com as brincadeiras que menos gostam...

Nenhum comentário:

Postar um comentário