quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O SEGUNDO DIA DA VISITA


Acordei com o barulho do senhor Frankie arranhando a porta do quarto. Ele tem o péssimo costume de madrugadazinha enfiar suas unhas na porta pra sinalizar duas coisas: que está novamente com fome e que quer se deitar e aproveitar o quentinho da cama. Dei-lhe uma bronca que de nada adiantou, pois ele é surdo. Fechei a porta e voltei a deitar. Ainda nem eram seis horas e o esfomeado já estava perturbando. Momentos depois Laura se levantou, olhou as tigelas. Faltavam água e ração. Mal providenciou e ele mais do que depressa veio se empanturrar. Desaforado avançava na tigela de miss Julie. Guloso comia da sua vasilha e se apoderava da tigela de miss Julie.
Fui fazer o café e ele tentou entrar na cozinha. Aliás, os dois. Ela adorava ficar embaixo do armário ou encima da geladeira. Definitivamente a cozinha não é lugar de gatos. Fiz o café e fui assistir ao jornal. O senhor Frankie não se fez de rogado e veio pedir um carinhosinho. Cocei-lhe por debaixo do queixo. Manhoso, fechou os olhos, deu meia volta oferecendo o dorso pra outro afago. Agora se punha mais comportado. O que quereria ele além de atenção? Carinho! Este a gente providenciava aos montões. Agora deitou ao meu lado no sofá, se esparramou mostrando a enorme barriga. Acho que o senhor Frankie deve pesar uns cinco quilos. Também com a vida boa que leva só pode mesmo engordar a sumir de vista. Quando não está perturbando miss Julie está comendo ou dormindo. Na verdadeira acepção da palavra: o senhor Frankie é um come e dorme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário