Conheci miss Julie
há cerca de dois anos. Fui alertado por minha filha Laura que em chegando no
apartamento deveria dizer: - olá Julie! Como vai? Se assim não procedesse, no
decerto, nas outras entradas no apê seria hostilizado pela gatinha manhosa. E
não é que ela, minha filha estava certa? Quando adentrei no pequeno apê tratei
de cumprimentá-la. Meio desconfiada, olhou-me enviesada, como dissesse: - donde
foi que minha dona tirou esse varapau? Mesmo que ela estivesse um tanto quanto
desconfiada não deixou de se enroscar por minhas pernas. Pra mim foi sinal de
boas-vindas. Eu era aceito no apartamento que alugava pra minhas filhas.
Maluquices à parte Julie logo, logo se fez arredia, nem quis saber de mim
quando aventurei fazer-lhe pequeno cafuné. E olha que a danadinha é chegada num
chamego. Gosta de ser paparicada, acariciada suavemente debaixo do queixo,
passar-lhe as mãos sobre o torso ou vagarosamente sobre a barriga. Odeia
abraços apertados e eu, neófito em convivência com gatos, caí na besteira de
apertá-la, foi miado só e ela se escafedeu rápida e lépida de minhas mãos. Daí
em diante foi tarefa difícil tentar “domá-la”. Quanto mais tentava me aproximar,
mais ela fugia de mim. Continuou por horas se fazendo de besta, fugindo de meus
carinhos, que não eram lá muito bem intencionados, eu queira novamente
apertá-la pra ver até onde ia sua repulsa, indignação e resistência ao
chegante. Ficava ela, ora estirada sobre o Mcbook de minha filha, ora fazendo
pose na janela, olhando pro infinito. Quando se cansava saltava pro chão,
olhava pra cima ou se aninhava sobre a televisão. Onde existisse algo
derrubável no apê ela o punha no chão. Gostava sobremaneira de se esparramar na
cama de minha filha, principalmente quando o sol curitibano entrava pela
janela. Passeava solene sobre a mesa onde livros viviam esparramados. Se
deliciava derrubando o porta-canetas, relógio, lápis, borracha e qualquer
objeto que aparecesse pela frente. Observei, no primeiro dia, que ela era
fascinada por correr à larga atrás de um saquinho de supermercado bem dobrado,
de forma triangular, que minha filha atirava. La ia miss Julie toda faceira
tocando de uma pata pra outra o novo brinquedo. Cansada da brincadeira se
estatelava no sofá e eu, besta, tentava passar uma das mãos sobre sua cabeça e
lá vinha Julie com suas mordidas. Nós ainda não tínhamos nos encantado um com o
outro.
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