terça-feira, 17 de dezembro de 2013

OS GATOS DE MINHAS FILHAS


Conheci miss Julie há cerca de dois anos. Fui alertado por minha filha Laura que em chegando no apartamento deveria dizer: - olá Julie! Como vai? Se assim não procedesse, no decerto, nas outras entradas no apê seria hostilizado pela gatinha manhosa. E não é que ela, minha filha estava certa? Quando adentrei no pequeno apê tratei de cumprimentá-la. Meio desconfiada, olhou-me enviesada, como dissesse: - donde foi que minha dona tirou esse varapau? Mesmo que ela estivesse um tanto quanto desconfiada não deixou de se enroscar por minhas pernas. Pra mim foi sinal de boas-vindas. Eu era aceito no apartamento que alugava pra minhas filhas. Maluquices à parte Julie logo, logo se fez arredia, nem quis saber de mim quando aventurei fazer-lhe pequeno cafuné. E olha que a danadinha é chegada num chamego. Gosta de ser paparicada, acariciada suavemente debaixo do queixo, passar-lhe as mãos sobre o torso ou vagarosamente sobre a barriga. Odeia abraços apertados e eu, neófito em convivência com gatos, caí na besteira de apertá-la, foi miado só e ela se escafedeu rápida e lépida de minhas mãos. Daí em diante foi tarefa difícil tentar “domá-la”. Quanto mais tentava me aproximar, mais ela fugia de mim. Continuou por horas se fazendo de besta, fugindo de meus carinhos, que não eram lá muito bem intencionados, eu queira novamente apertá-la pra ver até onde ia sua repulsa, indignação e resistência ao chegante. Ficava ela, ora estirada sobre o Mcbook de minha filha, ora fazendo pose na janela, olhando pro infinito. Quando se cansava saltava pro chão, olhava pra cima ou se aninhava sobre a televisão. Onde existisse algo derrubável no apê ela o punha no chão. Gostava sobremaneira de se esparramar na cama de minha filha, principalmente quando o sol curitibano entrava pela janela. Passeava solene sobre a mesa onde livros viviam esparramados. Se deliciava derrubando o porta-canetas, relógio, lápis, borracha e qualquer objeto que aparecesse pela frente. Observei, no primeiro dia, que ela era fascinada por correr à larga atrás de um saquinho de supermercado bem dobrado, de forma triangular, que minha filha atirava. La ia miss Julie toda faceira tocando de uma pata pra outra o novo brinquedo. Cansada da brincadeira se estatelava no sofá e eu, besta, tentava passar uma das mãos sobre sua cabeça e lá vinha Julie com suas mordidas. Nós ainda não tínhamos nos encantado um com o outro.

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